"O segredo da magia está nas mãos, na mente e no coração de quem se dispõe a ela." - Por Michell Lott
Saímos em busca de ancestralidade e fomos parar no Quilombo Ivaporunduva. Mas em vez de se mostrar nos povos, ela se manifestou inicialmente na natureza.
Um pedaço preservado da mata atlântica cheio de exuberância, que resistiu ao tempo, trouxe um nada sutil lembrete: nossas inquietações mais profundas não significam muita coisa perto do todo.
Todas as nossas confusões juntas são menores que uma gota de chuva em uma folha. Somos parte de um jogo muito mais complexo do que imaginamos.
Antes de embarcar por completo nas aventuras da vida, faz bem olhar, também, para dentro. Na busca de se integrar com o todo, corremos o risco de ignorá-lo por completo. Para fazer parte de algo, antes é preciso ser um. O egoísmo, sem qualquer sentido pejorativo, é um dos ingredientes mais fortes do altruísmo. O respeito a si próprio é o caminho mais rápido para entender os outros.
Para quem busca ouvir todas as vozes, faz bem lembrar: dentro de todas, também está a própria.
A vida urbana fez de nós seres tão abstratos que a simples relação com a natureza parece complicada aos nossos olhos. A cadeia alimentar é como uma mandala muito colorida e muito complexa, cheia de detalhes, cujas partes foram separadas em categorias arbitrárias por nós. Mas essa visão de quem se distanciou também pode pode trazer uma bela vantagem: a fascinação do redescobrir. Os povos quilombolas plantam feijões violetas e outras sementes de cores inesperadas, sem jamais perder o respeito pela natureza, pois tudo vem dela e tudo volta para ela. Assim, tudo está disponível para todos. Quer lógica mais simples?